ChatGPT: como usar a IA para estudar para um concurso? Veja dicas de especialistas

Nem vilão, nem mocinho, o ChatGPT é uma ferramenta, que como todas as outras, deve ser usada com parcimônia. Lançado em 2022, a plataforma popularizou e abriu as portas para novas IA’s no mercado, como o Deepseek.

O Brasil está entre os países que mais usam Inteligência Artificial no mundo. 54% dos brasileiros faz uso da IA, enquanto a média global é de 48%. As informações são do estudo “Nossa Vida com IA: Da inovação à aplicação”, da Ipsos com o Google.

Aumentar a eficiência, produtividade e agilidade são alguns dos motivos que levam as pessoas a inserirem a IA no dia a dia. Porém, antes de inserir a plataforma na rotina de estudos, é importante entender que o ChatGPT não é o professor e nem o aluno. Ele é uma ferramenta de apoio.

6 em cada 10 brasileiros (64%) asseguram ter um bom entendimento sobre o que é a IA, de acordo com a pesquisa “AI Monitor 2024” da Ipsos. Ainda sim, há muito a aprender nesse meio. O Estadão Concursos convidou dois especialistas de Inteligência Artificial e um professor para saber a opinião deles sobre o ChatGPT e dicas de uso para estudo.

João Capelli é especialista em Gestão Estratégica de Marketing Digital e Inteligência Artificial aplicada a negócios. Trabalhou implementando soluções de IA para mais de 100 marcas no Brasil e América Latina. Professor na ESPM e doutor em Inovação e Competitividade (PUCRS).

André Barcaui é professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e também atua como consultor na gestão de projetos de IA. Formado em Engenharia de Computação e Psicologia com pós-doutorado em Inteligência Artificial.

Miguel Carvalho é coordenador dos cursos de Tecnologia da Informação da Gran Faculdade. Cientista da Computação, Advogado, Matemático e Mestre em Informática. Há 12 anos atua como professor universitário, consultor de TI e palestrante.

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Ascensão da IA: origem e popularização do ChatGPT e a chegada das novas ferramentas

Quando se fala em Inteligência Artificial, a primeira ferramenta que se vê na cabeça do grande público é o ChatGPT. No Brasil, a plataforma é um sucesso absoluto, não é à toa que o país ocupa o 4˚ lugar entre os países que mais usam a plataforma no mundo.

Dos bilhões de acessos que a OpenAI recebe, o Brasil é responsável por boa parte da porcentagem. No ranking da Semrush, publicado pela Forbes, o top 3 de uso do ChatGPT é ocupado pelos Estados Unidos, Índia e Indonésia.

Por mais que seja recente, o ChatGPT chegou fazendo barulho mundo afora. A OpenAI foi pioneira na democratização das ferramentas de IA. “A Inteligência Artificial já existe desde a década de 60, mas o acesso ao público só foi possível graças ao ChatGPT”, diz João.

Com o pontapé inicial da OpenAI, a corrida pela inteligência artificial ganhou um novo ritmo. “A competição já vinha acontecendo, mas, agora, as empresas precisaram se atualizar para se diferenciar do concorrente. Aqueles que não souberem utilizar a IA vão ficar para trás”, explica João.

Nas empresas, de pequeno ou grande porte, o uso de Inteligência Artificial já é uma realidade. 74% delas faz uso da IA no dia a dia, de acordo com estudo da Microsoft. Além disso, 90% dos líderes buscam adotar novas tecnologias.

O uso de Inteligência Artificial é a nova prioridade das empresas, sejam elas da área de tecnologia ou não. 59% das MPMEs (Micro, Pequenas e Médias Empresas) entrevistadas afirmam que estão progredindo bastante na adoção de IA.

“O ‘GPT’ já existe há muito tempo, mas a OpenIA adicionou o “chat”, que quer dizer conversa, liberou para toda internet e agora todo mundo pode conversar com a máquina, que ela vai responder”, comenta André.

“A partir daí, é história, a cada dia somos surpreendidos por uma novidade na área. É um avanço desgovernado que temos visto, e é a razão das pessoas ficarem preocupadas, e criarem regulações, tanto no Brasil quanto no mundo afora”, finaliza ele.

De acordo com o Relatório da Microsoft Work Trend Index 2023, 49% das pessoas estão preocupadas com a possibilidade de a IA substituir seus empregos. Ainda sim, um número maior – 70% – gostaria de delegar o máximo de tarefas possíveis à ela para diminuir as suas cargas de trabalho.

O estudo “IA em micro, pequenas e médias empresas: tendências, desafios e oportunidades”, também da Microsoft, mostrou que 78% dos funcionários veem um impacto positivo da IA no seu trabalho. Cada vez mais as pessoas se sentem confiantes para delegar tarefas para as ferramentas, principalmente as atividades repetidas, para que se tenha mais tempo para focar nas criativas.

O brasileiro é otimista e, com a IA não é muito diferente, 65% acredita que essa tecnologia é promissora por contribuir com diversas áreas da vida, o valor também é acima da média mundial, que ficou em 57%.

A pesquisa, da Ipsos com o Google, mostrou que a Inteligência Artificial surge como uma força transformadora de diversos setores da sociedade.

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ChatGPT como ferramenta de estudo: veja funcionalidades e dicas para o melhor uso

Dentre as funcionalidades do ChatGPT, que podem ser usadas na hora de estudar para concursos públicos, os especialistas destacam:

• Organização e planejamento de estudos

O ChatGPT pode criar cronogramas personalizados, de acordo com as disciplinas e sua rotina. E, depois de feito, pode ser customizando com seus melhores horários e desempenhos. Por exemplo, se você não estuda bem à noite, sinalize isso. É possível também, dentro disso, dar exemplos de como você quer que fique o trabalho final. 

• Customizar técnicas de estudo

O ChatGPT pode criar resumos da forma que melhor funciona para você, como mapa mental, fichamento e resumo, por exemplo, o que auxilia no entendimento. Se o estudante estiver estudando legislação, é muito interessante utilizar o ChatGPT para resumir as doutrinas. É fácil para a IA criar com base no conteúdo que você entrega para ela.

• Geração de provas

O ChatGPT pode criar provas/simulados, sejam de questões de múltipla escolha e discursivas, para ajudar no treino/prática. Inclusive, você pode dar as provas antigas de exemplo, pedindo para ele gerar novas questões com base nas que já foram cobradas.

• Correção de redação

O ChatGPT pode analisar o texto, corrigindo-o e melhorando argumentação, gramática, coesão e mais.

• “Explique para mim como se eu fosse leigo". 

Aqui, no caso, é a ideia de fazer o ChatGPT adotar um papel de professor e explicar, em termos simples, conteúdos mais complicados, ajudando no entendimento.

• Tutor virtual

Tire dúvidas com o ChatGPT, com base no conteúdo já estudado. 

• Prova oral

Alguns concursos têm como etapa de avaliação a prova oral. Com as novas atualizações, é possível conversar com o ChatGPT. Ótima opção para treino de entrevistas e prova oral. Mais uma vez, pedindo para ele adotar um papel, como se fosse um avaliador exigente e pedir para avaliar suas respostas em clareza/objetividade. 

Na pesquisa da Ipsos com o Google, 74% dos entrevistados utilizam a IA como ferramenta de apoio aos estudos. 81% para busca de informações e 76% para assistência pessoal. Dentre suas muitas funcionalidades, destaca-se o uso como tradutores, utilizado por 89%, depois 85% recomenda a IA como assistentes de escrita.

E, na análise de tendências do Microsoft, 79% se sentem confortáveis ​​em usar IA para trabalhos analíticos. Para os entrevistados, a Inteligência Artificial pode ser usada em quase todas as áreas. 76% também faz uso da ferramenta para tarefas administrativas e 73% até em atividades criativas.

A seguir, veja exemplos com o ChatGPT:

Com esse comando, o ChatGPT dividiu o planejamento por etapas: disciplinas mais cobradas, distribuição semanal, cronograma diário (turnos e metas), materiais recomendados e simulados quinzenais e revisão. Ao final, a ferramenta montou um teste modelo perguntou a preferência. 

Depois que você assume o papel de estudante, o ChatGPT começa a sugerir maneiras de seguir o estudo, como nos exemplos abaixo: 

Os especialistas entrevistados recomendam o uso do ChatGPT, desde que seja feito de forma crítica e moderada. Miguel, cada vez mais, vem observando que os seus alunos utilizam o ChatGPT na hora de estudar.

O professor indica que os estudantes tenham atenção redobrada, na hora de usar o ChatGPT para estudar. “O estudo para concursos exige precisão e interpretação criteriosa. O ideal é sempre conferir as fontes das respostas e combiná-las com materiais oficiais, como videoaulas, legislação e e-books”, afirma.

“O risco está no uso passivo, ou seja, aceitar tudo o que ele diz sem questionamento. O ideal é tentar entender o conteúdo, ter senso crítico e argumentar quando algo parecer estranho. Valide as informações e utilize a ferramenta como um complemento, e não como única fonte de aprendizado”, argumenta.

Essas são apenas alguns exemplos com o ChatGPT. Quanto mais específicio for o usuário em seus comandos, melhor será a resposta da IA. Abaixo, os especialistas compartilham dicas para estruturar os melhores prompts.

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Como perguntar para o ChatGPT? Confira 5 dicas para estruturar os melhores prompts

O prompt é um comando e/ou instrução que se dá a inteligência artificial (IA) para que ela execute uma tarefa. Por mais que o ChatGPT seja capaz de compreender dos diálogos mais simples aos complexos, um bom prompt é o que traz uma boa resposta.

A seguir, o professor Barcaui compartilha dicas para montar os melhores prompts:

Tenha pensamento crítico

Quanto mais o usuário conhece o assunto, melhor será o resultado. Se você não conhece, apenas aceita as respostas, isso não é bom. É importante que você conheça sobre o que está perguntando, para criticar o resultado final.

Use, ao máximo, a janela de contexto

Esse é o espaço que você tem para escrever, são quase 100 mil palavras. Uma das vantagens do algoritmo do ChatGPT é que ele consegue entender o que você fala, especialmente quando escreve muito, não tenha medo de usar o espaço.

Modele o prompt a partir das respostas que ele te dá

Se você pedir “Escreva um estudo de caso”, o ChatGPT irá produzir um material bobo, que você pode, e deve, personalizar enquanto conversa com ele. Peça para acrescentar exemplos, novos personagens e assim vai.

Com essas ideias em mente, o professor Barcaui também indica que o usuário siga o acrônimo CREATE na hora de estruturar as perguntas:

• Caráter: de um papel para o ChatGPT;
• Pedido: articule a tarefa que a IA precisa;
• Exemplo: forneça exemplos relevantes para guiar o entendimento da tarefa;
• Ajustes/Restrições: especifique qualquer ajuste/restrição, por exemplo, assegurando que ele siga editais atualizados do concurso;
• Tipo de saída: o formato, por exemplo, mapa mental, planilha e assim vai;
• Avalie: avalie os resultados.

Ainda nos acrônimos, o professor Capelli utiliza o CAR para montar seus prompts:

• Contexto: sempre ofereça contexto para a máquina;
• Ação: peça uma ação;
• Resultado: especifique o tipo de resultado que você deseja (texto corrido, tópico, artigo e outros).

Além de usar IA, o Brasil produz muita pesquisa sobre o tema. Estamos entre os 20 países com maior volume de pesquisa em Inteligência Artificial. Na 13ª posição, o país produziu 6 mil publicações científicas entre 2019 a 2023.

São pesquisadores que exploram todos os métodos de IA para estudar sua precisão, eficiência e a implantação ética de forma ética, de acordo com relatório da Clarivate e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

O ChatGPT ainda é novo, e muitas atualizações com novas funcionalidades estão por vir. Entender a ferramenta pode ser o diferencial entre a aprovação ou não em um concurso público. “O ChatGPT é um assistente de luxo, faça bom uso!”, diz Barcaui.

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