Por Vitória Prates
7 de Janeiro de 2025 às 09:03
Estabilidade financeira, plano de carreira e a possibilidade de crescer dentro do serviço público brilham os olhos dos concurseiros, mas a concorrência acirrada por vaga também assusta os futuros candidatos. Para se inspirar com trajetórias de conquista dentro do serviço público, conheça histórias de juízes do Tribunal de Justiça de São Paulo e do Rio Grande do Sul.
Ceres Danckwardt sempre quis ser juíza. Em 2019, realizou este sonho. A gaúcha foi aprovada no concurso para o Tribunal de Justiça de São Paulo, em 5º lugar. Ainda sim, ela lembra que, para atingir esse resultado, a trajetória foi longa.
Do Rio Grande do Sul a Alagoas, Ceres prestou concursos de magistratura estadual. Apesar de ser aprovada em 2019, por conta da pandemia, Ceres só tomou posse em 2021, e continuou prestando outros concursos no período.
O Direito sempre esteve no sangue. “Meus pais são delegados de polícia, mas, a vocação me chamou para a magistratura”, diz ela. “Eu via na carreira de juíza uma possibilidade de fazer justiça e melhorar a vida das pessoas. A magistratura exige muita responsabilidade. Nós temos que sair do nosso gabinete e dar uma resposta para sociedade, porque, como funcionários públicos, é isso que devemos fazer”.
Para ser aprovada, Ceres teve dedicação total aos estudos durante 3 anos. “A gente estuda, sem saber quando nosso momento vai chegar. Antes de sermos aprovados, passamos por várias reprovações”, diz. “Para os candidatos, eu aconselho ter resiliência e confiar no seu método de estudo. Quando somos jovens, queremos o resultado quase imediato, mas ser aprovado é um projeto que leva tempo”, explica.
Segundo o Censo de Concursos Públicos de 2023, 54% dos candidatos se preparam por mais de um ano para as provas de certames, com concursos de alta concorrência, o tempo de preparo pode ser ainda maior. Nos estudos, Ceres selecionava uma disciplina e seguia o seguinte método de estudo:
“Sempre esgotava um tópico antes de passar para o próximo. Se fosse uma matéria rápida, eu conseguia fazer todos os processos em um dia, mas, às vezes, podia levar até uma semana”, explica. Mesmo trabalhando no TJSP, Ceres continuou prestando para o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ela voltou para casa no ano passado, aprovada em 1º lugar no certame.
“Nós, concurseiros, sempre dizemos ‘é melhor ser aprovado em último lugar nesse concurso do que em primeiro no próximo’. Reprovei no Rio Grande do Sul, e no seguinte fui aprovada em primeiro lugar”, explica. “Foi uma grande honra ter sido aprovada nessa colocação no meu estado. Na posse, pude discursar no Plenário, representando meus colegas, uma grande honra. Tem um gostinho especial de ser em casa”, diz.
“Mas, a aprovação em São Paulo, não passa longe da emoção. O Tribunal de São Paulo é um dos maiores do mundo, super respeitado. Até ser aprovada em São Paulo, eu não sabia que um dia seria aprovada. No dia que a gente descobre ‘Vou ser juíza’ a sensação é inexplicável”, diz Ceres.
Entre audiências e trabalho em gabinete, daqui a 5 anos, Ceres quer voltar a ser juíza titular. Em São Paulo, a gaúcha foi promovida e trabalhou na função por 6 meses, mas, com a aprovação no TJRS, voltou a ser juíza substituta. “Como titular, acompanhamos os frutos do nosso trabalho, do início ao fim do processo. Acredito que logo estarei como juíza titular aqui, e já estou ansiosa para que isso aconteça”, afirma.
Leia também sobre aposentadoria para concursados
Natural de Santa Cruz do Rio Pardo, no interior de São Paulo, Caio Hunnicut realizou o sonho de ser juiz neste ano. Em julho, após ser aprovado em 1º lugar no certame para o Tribunal de Justiça de São Paulo. Quando o resultado chegou, Caio conta que demorou para cair a ficha. “Esse momento está sendo muito especial. Bate o nervosismo, mas é uma sensação de sonho realizado”, diz.
Para quem também tem o desejo de seguir carreira na Magistratura, Caio diz que vale a pena o esforço. Antes do tão sonhado “sim”, Caio recebeu vários “não”, até chegar no TJSP, o paulista foi reprovado em outros 10 concursos. Assim como Ceres, Caio encarava o momento de estudos como uma jornada de trabalho.
Recém-formado na USP, trabalhou durante 3 anos em um escritório de advocacia, juntando dinheiro para poder dedicar-se integralmente à preparação do concurso. Para os próximos candidatos, Caio indica ter dedicação e aceitar que não existe uma “fórmula mágica” para aprovação: “Cada concurseiro tem seu estilo de estudo e tempo. No mundo dos concursos, muitas pessoas vendem um sonho impossível ‘Use meu método e seja aprovado’, nem sempre isso dá certo”, diz.
“Acabei de me formar do curso da Escola de Magistratura, das 100 pessoas ali, cada uma seguiu uma forma de estudar e foi aprovada em um tempo. Todas são experiências válidas, são muitos caminhos para o mesmo destino”.
Encontrou algum erro?
Entre em contato