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Como se preparar para o concurso público? Veja dicas de especialistas

Ao escolher um cargo de um concurso público para concorrer, é importante criar um cronograma de aprendizado sobre os conteúdos da avaliação

Jennifer de Carvalho

11 de Novembro de 2024 às 10:36

Ao reservar um tempo para estudar para um concurso, é importante considerar a rotina pessoal. - Foto: Freepik
Ao reservar um tempo para estudar para um concurso, é importante considerar a rotina pessoal. - Foto: Freepik

Aplicar-se em um concurso público pode ser um dos primeiros passos para quem deseja construir uma carreira como servidor. O lançamento de diversos editais em âmbito federal, estadual e municipal proporciona salários atrativos, benefícios e planos para o crescimento profissional. No entanto, esse processo exige do concurseiro bastante estudo, ainda mais para as seleções muito concorridas e compostas por diversas etapas.

Com isso, a organização é a palavra-chave para que o período de aprendizado seja mais eficiente, além de aliviar a ansiedade e o nervosismo que podem afetar muitos candidatos nas vésperas das provas.

Mas antes de adotar as melhores estratégias de estudo, vale compreender o que é um concurso público. Conforme a Lei 14.965, de 9 de setembro de 2024, o objetivo desse processo é selecionar candidatos por meio de avaliações de conhecimentos, habilidade e, dependendo de alguns casos, das competências requisitadas para as atribuições do cargo.

Assim, um dos pontos considerados pelo documento é sobre o conhecimento do concurseiro, ou seja, do domínio de matérias ou dos conteúdos relacionados à ocupação desejada. Ainda, o Art. 9º pontua que as provas de um concurso podem ser classificatórias, eliminatórias ou ambas.

Como se preparar para um concurso público?

Ao se organizar para as provas de um concurso público, é importante analisar a própria rotina da vida pessoal para ajustar a preparação conforme o seu dia a dia. Feito isso, o próximo passo é escolher o cargo e a área de interesse.

Conforme a professora de português e redação Marcia Rossi, ter essa definição em mente ajuda o candidato a saber o nível de escolaridade da ocupação – ou seja, Fundamental, Médio, Técnico ou Superior. A partir disso, é possível iniciar os estudos com mais assertividade.

Ainda, Jeferson Rosa, mentor para concurso público e Auditor-Fiscal da Receita Federal, reforça que a especialização na função desejada é capaz de deixar o participante mais próximo da aprovação no processo.

Com isso, vale separar uma parte do dia na qual será voltada apenas aos estudos, de acordo com o ritmo de cada um. Um dos conselhos da Marcia é tirar 1h ou 1h30, caso a pessoa precise fazer uma conciliação com o trabalho. Ou então reserve esse tempo nos finais de semana. A partir dessa definição, lembre-se de sempre manter a constância desses momentos.

Monte um cronograma de estudos

Estabelecer um cronograma é essencial para um aprendizado eficiente. Um artigo publicado na revista científica Journal of Taibah University Medical Sciences concluiu que o estabelecimento de metas personalizadas e o planejamento podem melhorar o envolvimento com o estudo. Nesse caso, os pesquisadores observaram uma melhora no desempenho acadêmico de um grupo analisado.

Assim, Jeferson indica que o concurseiro reserve um tempo para se aprofundar nos temas que serão cobrados na prova. “Há a necessidade dessa divisão considerar a relevância da disciplina na pontuação do concurso, o seu nível de conhecimento no assunto e a quantidade de conteúdo a estudar até a avaliação”.

Como dividir o tempo de estudo?

Para se inspirar em como o tempo de estudo pode ser manejado no cronograma, o mentor para concurso público exemplifica o seguinte caso: “Um candidato que estuda 3 horas de segunda a sexta-feira, além de 5 horas nos dias de final de semana, terá um total de 25 horas semanais”.

Com isso, é importante ter em mente os assuntos mais prioritários. Para ilustrar, Jeferson destaca o seguinte cenário hipotético: um participante que irá fazer uma prova com as disciplinas de Língua Portuguesa, Informática e Direito.

Nesta suposição, o primeiro tema é o de maior peso, enquanto o candidato tem mais facilidade no segundo item. No entanto, ele estudará Direito pela primeira vez.

“Neste exemplo, as 25 horas semanais podem ser divididas em 8 horas para Língua Portuguesa, 3 horas para Informática, 4 horas para Raciocínio Lógico, 5 horas para Direito Constitucional e 5 horas para Direito Administrativo”.

Ao analisar o conteúdo programático do edital, conforme o cargo escolhido, a ideia é começar uma organização pelas áreas que você têm mais dificuldades. Assim, ao revisar os temas mais fáceis, a sua assimilação será melhor e mais rápida.

Não se esqueça dos conteúdos básicos

Muitas provas de concursos públicos, especialmente as objetivas, são compostas por questões de Português e Matemática – além dos conteúdos específicos. Por se tratarem de noções básicas, algumas pessoas podem cair na armadilha de não se aprofundar tanto nessas disciplinas por pensarem: “Já sei um pouco”.

No entanto, conforme a professora Marcia, é justamente esse “pouco” que não é o suficiente. “São essas perguntas que vão definir a classificação geral, principalmente as de Língua Portuguesa, pois a comunicação escrita ou falada é um pré-requisito para qualquer função”.

Assim, com um cronograma eficiente montado, o candidato deve sempre fazer uma análise sobre a sua evolução, baseado no controle dos resultados e no tempo disponível até o exame. Se for necessário, faça ajustes nesse processo.

Quais são os materiais de apoio necessários?

Após estabelecer o melhor método de cronograma, conforme a realidade do concurseiro, é preciso ter em mãos alguns materiais de apoio essenciais ao estudo. Um deles é o próprio edital do concurso que está sendo prestado.

Consulte todas as regras estabelecidas no documento, além das datas das etapas – como provas objetivas, discursivas, orais, práticas, de títulos, entre outras. Ainda, outro ponto importante a ser observado é a estrutura da avaliação, com as disciplinas que farão parte de sua composição.

Feito isso, Marcia orienta a realização de uma pesquisa por provas anteriores referentes ao cargo escolhido. A partir desse material, verifique qual conteúdo você tem mais domínio e qual possui mais dificuldade – lembrando que essa conferência também ajudará na criação do cronograma.

“Quem estuda sozinho precisa ter uma autonomia e uma autossuficiência para ter êxito nos estudos, porque senão a pessoa ficará sempre estudando as mesmas coisas e não estará ampliando o seu repertório de conhecimento e de conteúdos assimilados”, ela ressalta.

Mas outro método que pode auxiliar no período de aprendizado é ver os editais antigos da área escolhida, para já ter uma ideia dos conteúdos específicos a serem estudados.

“Isso ajuda a pessoa a já se organizar, mesmo que o edital atual não tenha saído, até porque o documento só é liberado dois ou três meses antes da aplicação da prova. Esse é um tempo muito curto, dependendo do nível e da quantidade de questões no exame”, diz a professora. 

Estratégias para um estudo eficiente

Ao montar a sua rotina de aprendizado, lembre-se de se comprometer com esse momento. Além disso, incrementar algumas estratégias pode potencializar a eficácia dos estudos. Pensando nisso, Jeferson, Auditor-Fiscal da Receita Federal, listou quatro pilares fundamentais nesse sentido. Confira abaixo:

  • Estudo regular, com a identificação dos principais tópicos dos conteúdos. Neste ponto, o candidato deve dividir e reduzir o seu material de estudos e ajustá-lo aos principais assuntos;
  • Retenção do conteúdo dos principais tópicos, pois o processo de aprendizagem e memorização são fundamentais para a ampliação do conhecimento. Quanto mais conteúdo importante o candidato reter, mais próximo ele estará da aprovação;
  • Testar o conhecimento nos principais tópicos estudados, por meio de questões, simulados, provas discursivas, pequenos cartões de estudo, entre outros;
  • Revisar os principais tópicos dos conteúdos estudados – divididos e reduzidos. A revisão serve para o achatamento da normal curva de esquecimento, que todos nós temos.

Cuide da sua saúde mental

Um estudo do Instituto de Psicologia do Controle do Stress (IPCS) e da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC) analisou o psicológico de alunos de Ensino Médio, relacionado a provas.

Conforme os pesquisadores, a ansiedade de avaliações pode ser definida como reações associadas com a preocupação excessiva referente aos possíveis resultados negativos, devido a um mau desempenho nesses momentos.

Quando se trata de concurseiros, muitos também podem sentir uma apreensão em relação às etapas avaliativas da seleção. Para Marcia, o psicológico é capaz de interferir no processo do concurso. “Mantenha uma atividade física frequente para ajudar a regular os hormônios e a relaxar”, indica.

“Outra forma de aliviar o estresse no período de provas é fazer respiração diafragmática, ou seja, uma respiração mais profunda”, a professora destaca. No YouTube, por exemplo, há diversas dicas sobre como realizar esse procedimento que ajuda a acalmar. Mas a ideia é incluir esse método, pelo menos, 15 dias antes da prova.

Aliás, Marcia também orienta que os candidatos façam esse mesmo processo durante o exame, pois pode ajudar o participante a aplicar melhor os conhecimentos que ele teve acesso em toda a preparação para o dia tão aguardado.

Já Jeferson lembra outro ponto: sempre haverá concursos abertos. “A máquina pública precisa acompanhar o crescimento do país, pois há aposentadorias, há a saída de servidores para outros cargos e, por isso, a administração continuará contratando”, diz.

“Os pontos mais importantes são estudar com foco na retenção do conteúdo e ter uma constância nos estudos pois, matematicamente, haverá um momento que você conquistará o conhecimento necessário para a aprovação”, pontua.

Ainda, lembre-se de comemorar e valorizar cada avanço no estudo. Esse comportamento é capaz de recarregar as energias e motivar o candidato a continuar no seu processo de aprendizado para o concurso público desejado.

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